Como os antidepressivos acabam com a libido
Uma pesquisa do Ministério da Saúde revelou que 11,3% dos brasileiros receberam diagnóstico de depressão – entre as mulheres o percentual foi de 14,7%; o dos homens, 7,3%. E o tratamento mais comum é o uso de antidepressivos, que têm como função melhorar a conexão, a “conversa” entre os neurônios.
Em uma pessoa que não esteja com depressão, os neurotransmissores conseguem enviar substâncias e corrente elétrica entre eles. Em uma pessoa com depressão, essas substâncias são precárias. Por isso ela tem tanta dificuldade em ter momentos de tranquilidade, alegria ou lazer.
Nesse sentido, os antidepressivos vão fazer esse “meio de campo”, estabilizando as emoções da pessoa com depressão, mas o que muita gente não sabe é que esses remédios impactam a vida sexual dos pacientes.
Cerca de 73% das pessoas que fazem uso de medicamentos para tratar a depressão podem sentir este efeito colateral, conforme divulgou uma revisão de estudos publicada em 2016 na Mayo Clinic Proceedings, nos Estados Unidos.
E os antidepressivos são as drogas mais relacionadas com a disfunção sexual feminina. E eles têm sido reportados como causadores desta disfunção em 30% a 70% das pacientes, sendo a redução da libido e a anorgasmia ( falta de orgasmo) ou dificuldade de atingi-lo, além da secura vaginal, que são as queixas mais frequentes.
Outros efeitos adversos têm sido reportados mais raramente, como priapismo do clitóris, aumento na libido e orgasmos espontâneos.
Os antidepressivos causam essas alterações na libido por atuarem, direta ou indiretamente, nas vias cerebrais que liberam serotonina (responsável por transmitir as sensações de prazer e bem-estar) e diminuem o nível do neurotransmissor chamado de dopamina, que está relacionado ao desejo e à excitação.
Mas o que fazer quando esses remédios afetam a sua libido?
Primeiro, é importante verificar o histórico clínico do paciente para entender se ele já sofreu com disfunções sexuais previamente e se já foi tratado, para certificar de que o problema tem relação com o uso da medicação e não com algum quadro subjacente.
Outro ponto essencial é o acompanhamento com psiquiatra que prescreveu o medicamento para depressão. Muitas vezes é necessário trocar os medicamentos para outra classe ou dose, mas isso só é feito com avaliação em conjunto com o especialista.
Um estudo feito em 2021 pela Faculdade de Medicina da USP mostrou que 71% das mulheres consideradas deprimidas nunca ouviram de seus médicos que estavam com depressão, tampouco receberam o tratamento adequado para a doença. Elas alegam não terem sido levadas a sério pelos clínicos.
Para amenizar a falta da libido, os psiquiatras adicionam estimulantes sexuais como viagra, tadalafila e testosterona.
Uma outra estratégia é o casal reconstruir a rotina do prazer explorando mais as preliminares, masturbação, inclusive a dois, a prática de exercícios físicos e uma alimentação equilibrada que estimule a produção de testosterona.
E o mais importante de tudo, cuidar da autoestima, focar no tratamento da depressão e sem auto-cobranças, tá certo?